Quando eu era adolescente os testes em revistas estavam em alta: responda as perguntas, some os pontos e descubra se aquele menino gosta de você, descubra se sabe ser sensual, descubra qual profissão irá seguir.

Os testes eram um engano de previsibilidade da vida. Eram uma forma de lidar com a ansiedade de não sabermos o que estávamos fazendo. Mas nem os testes sabiam.

Agora a moda são testes nas redes sociais. Se antes os testes serviam para nossa própria insegurança, feitos entre amigas ou na solidão de nossas angustias. Atualmente eles servem para enganar nosso ego e para mostrar aos outros como somos especiais.

Responda a 3 perguntas e descubra como é sua alma, diga o seu sobrenome e descubra o quão especial sua família era, escreva uma cor e descubra qual sua força interior, descubra qual tipo de pessoa você é, etc...

Esses testes são apenas mentiras que contamos para nós mesmos e para os outros. Já perceberam que nunca sai um resultado ruim? Incrivelmente os resultados são sempre para reforça nosso alto engano de como somos especiais.

É bom se autoenganar, não é? E é melhor ainda mostrar ao mundo esse autoengano, vai que alguém acredite.

S. G. Conzatti 

Pra você eu preparo sua comida preferida, mesmo não sendo a minha.

Pra você eu deixo de ver um seriado, porque você quer outro.

Lavo sua roupa, arrumo sua cama, lhe trago a toalha pra você não sair no frio.

Acolho seus medos, lhe dou conforto e subo sua autoestima.

Sou sua mãe? Não, sua esposa.

E isso me cansa.

Na janela do ônibus mantém o olhar longe, não acompanha os carros e prédios a passarem depressa.

Para quem observa, parece serena ou até mesmo aluada com mente esvaziada.

Mas dentro, um turbilhão vívido de narrativas se entrelaçam e mundos inteiros são criados.

Será que em cada passageiro também há mentes inquietas por trás de tantos olhares distantes que esperam seus pontos de descida?

E você quando está no ônibus cria histórias?

Beijinhos S. G. Conzatti

Por que esperar que as pessoas se lembrem do meu aniversário ou do dia da minha profissão? Eu mesma me dou os parabéns.

Marco minha foto no facebook com um motivo festivo e aviso a todos que estou mais velha, que é dia da professora, da escritora, da filha, das pessoas que amam cachorro, das que.....

E depois fico feliz com os “legítimos” comentários me parabenizando. Daqueles que não se lembrariam de mim por si mesmos.

S. G. Conzatti

Você oferece isso ou aquilo, a pessoa exige os dois e ainda se sente injustiçada.

Você faz um comentário genérico, a pessoa leva para lado pessoal.

Você confessa algo torcendo por um ombro amigo, a pessoa te conta algo pior que aconteceu com ela, em uma competição de quem sofre mais.

E assim você esta só, pois os outros estão ocupados olhando para seus umbigos.

S. G. Conzatti.

Quando você se sente só?

Nasci no asfalto, ao meu redor imensos prédios, no céu o constante azul acinzentado. Ao crescer meus passos diários encontravam beleza, me alegrava em avistar entre os gigantes de concreto uma praça com árvores estrategicamente plantadas. Ir e vir esmagada em ônibus pouco ventilados, percursos de horas presa no trânsito eram apenas um incomodo necessário para usufruir das maravilhas da minha cidade natal. 

Então a vida me carregou para longe. E no interior, rodeada por árvores a perder de vista, por céus com tantas estrelas que nunca imaginei poderem ser vistas. Descobri que o cinza poluído da cidade não era o paraíso, que perder horas no trânsito não era uma condição para se viver.

Nasci no asfalto e por ter nascido ali, pensei que ali fosse o paraíso. Mas descobri haver muitas outras possibilidades mais belas. E agora quando volto para minha cidade natal nada mais parece estar certo.

E para vocês onde é o paraíso?

Beijinhos, S. G. Conzatti

Um novelo de lã e duas agulhas.

Tricotar de um lado para outro até a manta quente e fofinha crescer.

Pontos simples e rápidos para a mente viajar e histórias criar,

Laçadas complexas de pontos desconhecidos para a mente silenciar.

Beijinhos, S. G. Conzatti