4 de jan. de 2019

Escolhas - contos interativos, capítulo 1

(Nesse conto interativo é o leitor que escolhe o final entre duas opções, qual será sua escolha? )
 
Escolhas, escolhas e escolhas. As pessoas me dizem que a vida é feita de escolhas, que nossos passos alteram o futuro para melhor ou pior. Isso parece promissor: ser capaz de decidir o caminho que iremos trilhar. Mas como se pode dizer que há uma escolha consciente quando não podemos prever aonde esta irá nos levar?

Hoje eu acordei e decidi usar uma blusa azul ao invés do habitual preto. Grande coisa! Como se isso pudesse mudar meu desânimo...

Há dias que lamento não ter sido promovida. Dediquei-me, fiz horas extras, estudei e mantive-me com um sorriso nos lábios toda vez que o chefe contou suas piadas sem graça. Ou seja, realizei inúmeras escolhas durante esses anos na empresa imobiliária que trabalho. Pareciam ser opções promissoras, corretas como mandam qualquer cartilha de como conseguir uma promoção. Para quê? Para uma novata, peituda e sem experiência, agora ganhar o salário que tanto almejei?

Depois, meu grande amigo, David, diz que estou errada quando coloco ele e todos os outros homens no mesmo balaio e digo que as mulheres estão melhores sozinhas. Afinal, como confiar em seres que veem peitos e não competência? Digam-me, como os peitos irão ajudar em vistorias imobiliárias, análises de alicerces e paredes? Uma lógica incompreensível.

Desiludida com o rumo de minha carreira, decidi utilizar a quinzena de férias para entregar novos currículos e fazer alguns contatos. Na esperança de realizar uma troca, arrumar um emprego onde minhas escolhas tenham algum peso. Ou será que estou errada e deveria aproveitar para colocar silicone? É uma escolha, não é? Uma que vai de encontro a todos os anos de dedicação e estudos para alcançar uma vida financeira mais tranquila, mas é uma escolha, mesmo que seja uma um tanto desesperada e oposta às que fiz até agora.

Ri ao imaginar-me chegando turbinada no emprego. Será que seria promovida? David iria repreender-me e diria que uma mulher deve se valorizar pelo o que é e não se transformar em outra. Fácil para ele ter essa conclusão, já que é um ótimo exemplar masculino e nunca perdeu a concorrência no serviço para um mais musculoso do que ele.

David, o maravilhoso. Sim! Tão perfeito que me foi difícil suprimir esse grande detalhe de nossa amizade. Conhecemos-nos na faculdade e eu, assim como boa parte das calouras da Arquitetura, encantei-me nele, um dos cinco homens da sala. Contudo, ao final do semestre havíamos nos tornados amigos e todo o interesse romântico desapareceu, não só porque ele era noivo na época, mas também por nos percebermos tão diferentes.

Estranho como pessoas distintas se tornam melhores amigos. Eu, uma consumista deprimida agarrada aos estudos e um tanto frustrada com a vida, e ele, um ambientalista nato que abandonou os estudos para tornar-se professor de surf e viver algo próximo ao paz e amor dos hippies. Como ficamos amigos? Nem eu sei. Apenas aconteceu. De conversa em conversa, a amizade foi enraizando-se e, agora, não há nada em nossas vidas que não passe pela crítica e observação do outro.
 
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Beijinhos, S. G. Conzatti

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